segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sorte grande


Já postei aqui que, há alguns anos, ganhei um prêmio da Bovespa (um almoço na sede) por conta de uma frase boba, algo como “Invista em ações, um futuro pra você, um presente para o Brasil”.

Antes, em 1999, eu já havia ganhado um carro num sorteio de um Shopping em Brasília. Mesmo esse “presente” não representou grande coisa pra mim, pois era uma época de vacas gordas, e eu rasgava dinheiro.

Há poucas semanas, minha corretora instituiu uma competição denominada “O melhor investidor do Brasil”. Eram quatro semanas de jogo, com um vencedor a cada semana. 

Participei da primeira fase, e quando chegou na sexta-feira eu havia ido bem nos meus day-trades, com rendimento superior a 2% diários. Percentualmente, ótimo, embora não represente grande coisa em valores absolutos, pois ando muito medroso.

Eu achava que tinha chance de vencer, mas imaginei como seria fácil burlar o regulamento, realizando um “Cosme e Damião” com um parceiro, comprando barato e revendendo caro um papel de pouca liquidez e grande diferença entre as ofertas de compra e venda.

Não deu outra! Cheguei em segundo lugar, perdendo para um cara que ganhou absurdos 7% diários. Fiquei fulo da vida, até porque, do jeito que estou financeiramente, ganhar um chaveirinho já me deixaria feliz. E o volume financeiro que o cara operou foi ínfimo.

Pois bem, isso foi há duas semanas. Hoje, qual minha surpresa ao me deparar com uma mensagem da corretora informando que o primeiro colocado foi desclassificado e que eu era o vencedor.

Nada mal! Um aparelho celular de R$ 1,6 mil e corretagem grátis por um ano. E conforme previ há poucos dias, finalmente a Vale resolveu andar, e ainda rendeu uns trocados. Depois de um péssimo final de semana, essa começou bem... E estou me sentindo o rei da cocada preta!

E isso só ocorreu porque estou seguindo minhas estratégias direitinho, mandando minhas ordens à noite, olhando um pouquinho a abertura do mercado, fazendo algum ajuste na hora do almoço, mais uma olhadinha no fechamento e realizando poucos negócios. Além disso, se meus preços não forem atingidos, não me importo em fazer um pit stop no CDB...   

Agora meu amigo Maurinho, também conhecido como Galo Doido, o rei do Folha-Invest, não me faz mais inveja.

Melhor investidor do Brasil. Grande coisa! Como diz aquele velho ditado, adaptado:

O que é um beijo pra quem tá casado... 

Se você pensar bem, a rima e o significado são os mesmos do original... 

sábado, 8 de setembro de 2012

Pecados capitais


Dentre os vários pecados de um trader iniciante, um dos principais é o de limitar o lucro e segurar o prejuízo. Um exemplo básico: comprar as ações A e B por um preço hipotético de R$ 10, com objetivo de curto prazo. Após determinado tempo, a ação subiu para R$ 11 e a B caiu para 9. Resultado: o investidor realiza o lucro na ação A e aguarda a recuperação da B.

O problema é que, se a tendência for obedecida, após algum tempo a ação A vai estar a R$ 12 e a B a R$ 8. O lucro foi realizado e o prejuízo tende a aumentar. A aplicação em B vira de longo prazo, e sabe-se lá se algum dia vai recuperar. Além do prejuízo em si, há ainda a questão do custo de oportunidade, pois o capital fica retido no mico.

Segurar o papel pode ser um grande problema, assim como há o risco de vender e tomar um “violino”, ou seja, sair na baixa e o ativo recuperar na sequência. A decisão não é fácil. Nunca é.

Outra tentação é fazer day trade na ponta da compra em um papel que está caindo forte. Ceteris paribus (desconsiderando-se outras variáveis), sempre é preferível operar ativos em alta, e com o mercado em alta, a não ser que você esteja pensando no longo prazo.    
Mais algumas dicas para evitar a dilapidação do patrimônio:
  • Evite ações de valor residual. Quanto menor o valor, R$ 0,10, R$ 0,01, mais difícil alguma recuperação;
  • Se você não tem experiência, fuja da tentação de operar opção a seco. Sua chance de se dar bem é mínima;
  • Cuidado redobrado em papéis de baixa liquidez;
  • Conheça minimamente a empresa na qual você está investindo;
  • Evite alavancagem (operar com o dinheiro alheio). Isso limita absurdamente suas possibilidades, e suas perdas podem virar uma bola de neve; 
  • Estabeleça quanto você admite perder. Coloque stop, e honre! É muito comum estabelecer o ponto de saída e quando esse preço se aproxima, baixar sucessivamente o stop, na ilusão de que o papel vai voltar;
  • Após grandes perdas, geralmente não nos comentamos com pequenos lucros. Fuja dessa armadilha! Se você fez alguma grande bobagem, não vai ser de um dia para o outro que você vai se recuperar.

Por fim, uma última e fundamental orientação: não deixe o mercado tomar conta da sua vida! Mesmo operando no curto prazo, estabeleça uma linha de atuação no início do pregão, volte à sua rotina, analise seus erros e acertos no final do dia, ajuste sua estratégia e bola pra frente.

Não abra mão de sua vida pessoal e profissional imaginando que a bolsa vai ser o seu ganha-pão e fazer a sua felicidade.

Boa sorte!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mais Rentabilidade, Menos Risco


Há alguns anos, elaborei uma estratégia de investimento a pedido de alguns amigos, com risco reduzido (o que não é bem minha praia). A partir de algumas dicas de conhecimento público, fiz uma proposta para o Buy & Hold, que acredito ser vencedora no médio/longo prazo. Vamos a ela:

- Crie o hábito de investir todo mês, faça chuva ou faça sol, não importando se o mercado está bull ou bear (tendência de alta ou baixa, respectivamente);

- Divida seu capital em dois percentuais, um para renda fixa e outro para renda variável, conforme sua característica (70%/30%, se for conservador, 20%/80% se for muito arrojado, por exemplo). 60%/40% é bem razoável para o investidor médio;

- Todo mês, verifique como está essa relação (obviamente, a renda variável será o diferencial, pois o outro lado terá uma evolução mais “comportada”) e aproveite os novos aportes para fazer um rebalanceamento, podendo, inclusive, movimentar de um grupo para outro, de maneira a retornar ao equilíbrio percentual inicialmente estabelecido;

- Monte uma carteira de ações de boas empresas a serem acompanhadas periodicamente. Se quiser “apimentar” os investimentos, inclua algumas small caps, ou mesmo alguns "micos", mas com parcimônia. Empresas boas pagadoras de dividendos são ótimas alternativas (se você não for um estudioso do assunto, o site Fundamentus pode lhe ajudar nisso);

- Se a bolsa caiu, o percentual da renda fixa tende a estar maior. Portanto, realize novos aportes na bolsa, ou mesmo resgate da renda fixa para aumentar sua posição em renda variável, adquirindo as ações que estejam mais descontadas no momento (você pode fazer uma planilha excel bastante simples com a variação dos papeis de sua carteira mês a mês). 

- Se não tiver uma razoável experiência do mercado, resista à tentação de operar no curto prazo (day trade/swing trade). Operar a seco em opções, então, nem pensar. O mercado não é para amadores;

- Se sua carteira de ações tiver um crescimento expressivo, avalie se não é mais prudente não rebalancear a relação vendendo os papeis que mais valorizaram, de forma a não perder as grandes oportunidades. Você pode, simplesmente, seguir fazendo apenas os aportes periódicos somente em renda fixa, até restabelecer o equilíbrio. 


Segue, abaixo, uma carteira hipotética. No primeiro grupo estão alguns dos carros-chefes da bolsa. No segundo, papeis de maior risco, que, consequentemente, podem propiciar perdas (ou ganhos) mais expressivos.

Grupo 1:
ABEV3, B3SA3, ITSA4, SUZB3.   

Grupo 2:
 EGIE3, FESA4, TAEE11, VVAR3. 

A alocação da parcela referente à renda variável poderia ser de 80% nas empresas do grupo1 e 20% nas do grupo 2, boas pagadoras de dividendos ou algumas "apostas", que em breve podem dar uma deslanchada. 

Esses grupos de ações têm comportamentos bem particulares nos grandes movimentos da bolsa. Nas grandes quedas, as blue chips não caem tão rapidamente. Inversamente, nos momentos de recuperação dos mercados, são elas que sobem mais rapidamente. Portanto, isso deve ser considerado na hora de investir ou resgatar.

- Atenção: não repita a compra de um mesmo papel por períodos sucessivos, mesmo que ele fique muito barato. Isso pode ser sinal de algum problema grave com a empresa. E não adianta procurar por notícias. Elas só aparecem depois que os grandes players já se movimentaram, pois eles sempre têm informações privilegiadas, muito antes de você.

Outro erro frequente de um investidor não acostumado à renda variável é vender aquela ação que subiu e segurar a que está caindo. Embora não pareça, o mais razoável seria justamente o contrário, por uma questão de tendência: a bolsa não funciona como um pêndulo, no qual os preços flutuam entre valores mínimos e máximos. Ao vender o papel que subiu (e que provavelmente continuará subindo), você limitou seu ganho, e segurando a que está caindo você pode estar aumentando o preju.

Mas essa é uma discussão puramente conceitual, pois não há verdades absolutas no mercado de ações.    

Espero ter ajudado um pouco.

Um abraço e bons investimentos!!!

domingo, 20 de maio de 2012

Analogia dos Burros


A história não é nova, mas sempre tem alguém que ainda não viu. Nos últimos anos, já vi isso ocorrer em dezenas de papeis: só pra exemplificar, teve Abyara, Telebrás, Ecodiesel, Mondial, etc, etc, etc ...

Era uma vez, um pequeno e distante vilarejo, com uma população de inocentes aldeões. Um belo dia, surgiu um desconhecido e anunciou que compraria burros a R$ 10,00 cada. Como havia muitos burros na região, os aldeões se empolgaram.

O homem comprou centenas de burros, e como estes começaram a rarear, o comerciante aumentou a oferta, e anunciou que pagaria R$20,00 por cada burro.

Os aldeões ficaram ainda mais ouriçados e foram novamente à caça, mas os burros foram rareando e os aldeões desistiram da busca.

A oferta aumentou então para R$25,00 e a quantidade de burros ficou
tão pequena que já não havia mais interesse em caçá-los.

O homem então anunciou que compraria cada burro por R$50,00! Como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando da compra dos burros.

Na ausência do homem, seu assistente fez a seguinte proposta aos aldeões:
- Vamos fazer outra coisa. Eu vendo a vocês por R$ 40 os burros que temos no estoque (os mesmos que o comerciante acabou de comprar).  Quando ele voltar da cidade, volta a comprar pelos R$50,00, achando que estará comprando novos burros, e vocês ganham uma bolada.

Os aldeões pegaram suas economias e compraram todos os burros do assistente.  Os dias se passaram, e eles nunca mais viram nem o homem, nem o seu assistente, somente burros por todos os lados.

Precisa explicar mais alguma coisa? 

Autor desconhecido.